“Mistérios hão de pintar por aí”
A imagem da latinha de fermento, com outra impressa, com outra dentro, com outra, desde a infância me traz inquietação, suscita mistério. Como se esta relação se mantivesse eterna além do invisível. Assim me ocorre a idéia de aprisionar a cultura.
O forno onde a cultura é preparada usa diversos ingredientes, dentre eles a criatividade, o imaginário, a necessidade de expressão grupal.
Ela é pulsante como uma estrela. É cambiante. É “uma senhora grega de camisola e tocha, uma índia negra e portuguesa de cocar e saiote” (no dizer de Arnaldo Jabor), uma prenda de mini saia, uma colona de calça e vestido por cima, um guri de unhas pintadas de preto. É prenhe de vida.
Por mais que alguns puristas se ofendam com o uso de gírias, por exemplo, elas acontecem, tornando vivo o idioma, uma manifestação cultural.
Ao infinito ela continua sendo gerada, é marca de civilização.
Mulheres Trabalhadoras Saía e voltava só na madrugada fazendo barulho, me acordando, após cada explosão de raiva, cada crise de gritos, ameaças e tentativas de me trancar em algum lugar da casa ou no carro. Em muitas manhãs saí pra trabalhar com muito sono, mas aliviada de não ter que ficar junto com a pessoa. Aprendi a conviver com esses rompantes de diferentes maneiras. Às vezes ficava muda, lembrando a avó Solita, outras, acho que não me dava conta do que estava acontecendo e ainda argumentava, tentando chama-lo à razão. Em outros momentos, entrava na onda e gritava, me enfurecia também. Esta reação me deixava muito mal, pois percebia o poder que a pessoa tinha de comandar até meus sentimentos, reações. Meu coração disparava. Nos últimos tempos, durante período em que estava trabalhando menos, em Férias ou Licenças, comecei a sentir mais nojo, até o fato de sentar à mesa junto me incomodava. Preparava o alimento com cuidado, procurando não passar energia ruim pras panelas e sen...
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