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Mostrando postagens de 2017

MULHERES TRABALHADORAS

Mulheres Trabalhadoras Saía e voltava só na madrugada fazendo barulho, me acordando, após cada explosão de raiva, cada crise de gritos, ameaças e tentativas de me trancar em algum lugar da casa ou no carro. Em muitas manhãs saí pra trabalhar com muito sono, mas aliviada de não ter que ficar junto com a pessoa. Aprendi a conviver com esses rompantes de diferentes maneiras. Às vezes ficava muda, lembrando a avó Solita, outras, acho que não me dava conta do que estava acontecendo e ainda argumentava, tentando chama-lo à razão. Em outros momentos, entrava na onda e gritava, me enfurecia também. Esta reação me deixava muito mal, pois percebia o poder que a pessoa tinha de comandar até meus sentimentos, reações. Meu coração disparava. Nos últimos tempos, durante período em que estava trabalhando menos, em Férias ou Licenças, comecei a sentir mais nojo, até o fato de sentar à mesa junto me incomodava. Preparava o alimento com cuidado, procurando não passar energia ruim pras panelas e sen

EXPLOSÕES DE RAIVA

Explosões de Raiva Em 2011 recebi meu apartamento. Comprei na planta ainda, analisei o projeto, acompanhei a construção, pensei no mobiliário. O condomínio fica próximo ao centro, bem situado, com mata nativa no fundo do terreno, toda infra-estrutura, com Box coberto, elevadores, piscina. A unidade é muito ensolarada, arejada e bem iluminada. Coloquei piso flutuante nos quartos e sala, escolhi um tom bem claro. Quando fiz a mudança nem tinha móveis pra todos os cômodos. Aos poucos comecei a mobiliar. Escolhi um projeto lindo pra cozinha e banheiros. Havia comprado fogão e geladeira. Tinha máquina de lavar roupa, colchão, sofá, roupeiro. Com os pés na realidade e sem esquecer minha origem camponesa, fui comprando móveis rústicos, primeiro uma mesa, linda, robusta, de tamanho certo, depois cadeiras simples, de palhinha, uma papeleira, uma cristaleira, um móvel pra tv. Meu quarto, estilo colonial veio de Herval, onde estava guardado na casa da minha mãe. Comprei colchão adequado ao tama

DISTÂNCIA NECESSÁRIA

       Distância Necessária   A pergunta "o que tô fazendo comigo?" me acompanhava nos momentos mais lúcidos dos últimos tempos. Por que me submeter a um relacionamento ácido, que me deixava infeliz, me fazia doente, quando me programei pra viver plenamente este período de maturidade com os filhos independentes, quase aposentada? Feito um atleta que tem toda uma preparação física e psicológica fui me preparando pra tomar a decisão saudável. Não decidi racionalmente, aconteceu feito uma semente que cumpre o mistério da germinação. De novo a vida ou destino me favoreceram. Com a enfermidade e hospitalização de minha mãe em Herval, necessitei ir até lá. O "companheiro" e eu havíamos acertado essa viagem e estávamos organizando tudo pra esse fim. Com o surto que teve, acabei indo só. Ir sozinha trouxe algumas condições propícias pro desfecho que houve. A primeira e essencial foi dirigir mais ou menos 400 km. Minha habilitação não é tão antiga, não tenho pr

Amores Perversos

                Amores Perversos   Sabe aquele instante em que sentimos uma raiva muito grande, nem conseguimos raciocinar, temos ímpetos primitivos pra nossa legítima defesa? Aquele momento raro em que uma mulher pacifista se vê pronta a jogar uma lenha em brasa no rosto de seu parceiro?   O surto, digamos assim, começou enquanto eu preparava o almoço e organizava bagagens pra visitar minha mãe num hospital a quase 400 km de distância. Ele queria me fazer acreditar que eu já lhe havia prometido uma soma considerável de dinheiro pra época do mês, R$ 1.000,00. Aleguei que não tinha esse registro, no entanto iria verificar o saldo e tal.   Bebia cerveja e entrava na cozinha, com jeito ameaçador, inventando qualquer desculpa pra ter uma briga. Saímos, verifiquei o saldo bancário, peguei o dinheiro. Argumentei que naquele período eu não tinha possibilidades de fazer grandes despesas, que não poderíamos custear churrascos e tal, que o central era o problema de saúde de minh