A melhor espiga
Família numerosa, um quarto para os meninos, outro para as meninas. Camas de beliche. Tudo muito comum para os padrões da época.
Hoje sei que ansiava por privacidade, mas nem sabia o que era isso. Um dia, estudando para exame de segunda época, usufruí do quarto privado do aposentado em nossa casa. Que maravilha! Nem consegui me concentrar nos estudos, reprovei. O usuário saíra por alguns dias para visitar sua família.
Este gajo trabalhava de pedreiro, estudava à noite e se hospedava conosco, com direito à cama, mesa e banho. Grande contador de histórias, cheio de vantagens.
Na verdade, ele havia trabalhado de peão na fazenda de meu pai, desde novinho. Segundo informações, recebia um salário de adulto. Sei também que muitas vezes sua mãe e irmãs vinham retirar seus vencimentos, ocasiões em que meu pai pagava-lhe outra vez, para que não ficasse sem dinheiro.
Além dessa hospedagem, paga com causos e pajolices, o gaucho tinha o direito de criar no campo de meu pai. Lembro de uma situação em que ele negociou um bar, recebeu como parte do pagamento um rebanho de ovelhas cheio de piolho e levou para nossa fazenda, o que nos rendeu muita dor de cabeça com os vizinhos.
Cursando o Ginásio, estudávamos à noite, naquela época não havia restrições de idade para frequentar o noturno. O gaucho do nosso causo, fazia o MOBRAL, sempre minha mãe reservava uma janta para ele comer antes de sair para o colégio. Nós, os filhos, comíamos após as aulas.
Minha avó morava em Pelotas, sua casa era abrigo do gaucho com sua gente para tratamentos de saúde e tal, durante muito tempo. Vivia como se fizesse parte da família.
Hoje reflito, dentre tudo que meu pai me deixou, uma das coisas que mais prezo é esta noção de lealdade, justiça e direitos. Às vezes ele até se prejudicava para ajudar alguém.
No entanto, estes são apenas alguns fragmentos da memória no mundo do trabalho na campanha gaúcha.
Agora ela conseguiu me ferrar mesmo! Queria controlar minha vida e quando eu poderia encontrar meus brothers e tal. Mandei à merda. Foi ficando cada vez mais chata. E tudo foi piorando devagar, sem que imaginasse onde ia chegar, foi apodrecendo. Um dia saia curta, coxão de fora, peguei forte no braço, ficou a marca. No outro, batom vermelho, dei um tabefe. Mas aí, foi ela que pediu. Não tive saída. Na gravidez ficou insuportável, mostrando o peitão. Eu não queria, mas dei outros tabefes. Virou rotina. Queria regular a minha cerveja. Quando minha filha já tinha três anos, aquela vaca tava demais. Calça apertada, sacudindo o popozão e dizendo coisinhas pra ensinar mal à criança. Perdi a cabeça. Ainda por cima, a irmã dela tava lá. Não aguentei. Comecei a socar e quando caiu, se fazendo de machucada, dei uns pontapés. Nem sei quantos. Minhas mãos e pés se mexiam por conta. A piranha foi pro hospital. E, pra ferrar com a minha vida, acabou morrendo. Diz que teve perfuração do int
Defendendo a memória de meu pai!
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