É DIA, É HORA
Madrugada.
Choro de criança.
Gata no cio.
Vento.
Estranhos sons: buzina,
freios no asfalto, apitos, estalos.
Rola pra lá, pra cá.
O outro lado vai ser melhor.
Acomoda travesseiros,
puxa coberta,
destapa o pé.
O corpo,
feito uma corda de guitarra,
vibra com ressonância extrema
ao menor estímulo.
Hiperestesia.
Procura, procura...
(O material perdido na mudança
pode estar no armário grande.)
O medicamento causa excitação .
É dia, é hora!
Mulheres Trabalhadoras Saía e voltava só na madrugada fazendo barulho, me acordando, após cada explosão de raiva, cada crise de gritos, ameaças e tentativas de me trancar em algum lugar da casa ou no carro. Em muitas manhãs saí pra trabalhar com muito sono, mas aliviada de não ter que ficar junto com a pessoa. Aprendi a conviver com esses rompantes de diferentes maneiras. Às vezes ficava muda, lembrando a avó Solita, outras, acho que não me dava conta do que estava acontecendo e ainda argumentava, tentando chama-lo à razão. Em outros momentos, entrava na onda e gritava, me enfurecia também. Esta reação me deixava muito mal, pois percebia o poder que a pessoa tinha de comandar até meus sentimentos, reações. Meu coração disparava. Nos últimos tempos, durante período em que estava trabalhando menos, em Férias ou Licenças, comecei a sentir mais nojo, até o fato de sentar à mesa junto me incomodava. Preparava o alimento com cuidado, procurando não passar energia ruim pras panelas e sen...
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