Mais uma briga. Gritos. Ele manda a mulher calar a boca, não aguenta mais a voz dela. Diz que seu cheiro é igual ao do cachorro.
Bate a porta, sai. No boteco de sempre encontra parceiros que não perguntam nada, jogam sinuca, bebem, fumam, cheiram uma pura. Na madrugada, volta bêbado, gritando palavrões e dizendo pra deixar ele entrar. Ela tinha jurado que não abriria outra vez, mas abriu. Ele cambaleava e tava ruim do estômago. Seu cheiro era pior que o do cachorro, contava do álcool, do cigarro, do mijo nas calças, de perfume feminino barato.
Resolveu fazer um chá pra ele não acordar as crianças. Preparou a bebida, serviu e levou pro bêbado que entre um palavrão e outro, tomou tudo.
Duas horas depois acordou berrando de dor na barriga. Ela resolveu não escutar as queixas. No outro dia pela manhã, Maria levou João ao Pronto Atendimento. Ele tinha hemorragia interna. Foi a óbito no mesmo dia.
Fui na casa pra fechar o inquérito, precisava de alguns detalhes. Quando vi o veneno pra rato em cima da prateleira da cozinha, visualizei toda a cena. A ideia crescia há algum tempo na cabeça de Maria, tomava vulto feito um monstro. Tinha a faca de churrasco, a machadinha e aquele veneno pra rato. Ela não aguentava mais as humilhações, as ameaças. Sabia que um dia ele passaria da ameaça à ação. Encerrei o caso.
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