Na primeira noite, 15 minutos depois das dez, há pouco movimento na avenida. Uma figura feminina jovem caminha com pressa, uma mochila às costas. Dobra a esquina e, feito um felino, transpõe o tapume de lata que delimita o local, onde até pouco tempo havia uma casa. Tão logo entra, se dirige ao fundo do pátio, onde o escuro a torna invisível.
Caso houvesse chegado à janela um pouco antes, talvez visse um monstro a perseguindo.
Seu dormitório seria ali?
Passei algumas vezes na casa implodida e vi que o tapume mostra sinais de esgarçamento, indicando que está sendo transposto por um corpo mais pesado do que gatos comuns.
Durante o dia a moça fica invisível.
Na segunda noite, a mesma cena se repete.
Na terceira noite, não aparece. O monstro venceu o duelo.
Distância Necessária A pergunta "o que tô fazendo comigo?" me acompanhava nos momentos mais lúcidos dos últimos tempos. Por que me submeter a um relacionamento ácido, que me deixava infeliz, me fazia doente, quando me programei pra viver plenamente este período de maturidade com os filhos independentes, quase aposentada? Feito um atleta que tem toda uma preparação física e psicológica fui me preparando pra tomar a decisão saudável. Não decidi racionalmente, aconteceu feito uma semente que cumpre o mistério da germinação. De novo a vida ou destino me favoreceram. Com a enfermidade e hospitalização de minha mãe em Herval, necessitei ir até lá. O "companheiro" e eu havíamos acertado essa viagem e estávamos organizando tudo pra esse fim. Com o surto que teve, acabei indo só. Ir sozinha trouxe algumas condições propícias pro desfecho que houve. A primeira e essencial foi dirigir mais ou menos 400 km. Minha habilitação não é tão antiga, não tenh...
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